28 novembro 2006

Descobrir

Na cidade gélida e sombria encontro o meu porto de abrigo. Sozinha deambulava quando entoaram aqueles ruídos vindos daquela ruela. Estreita e secreta. O perigo abundava, e com ele crescia o desejo de encontrar algo. Segui. Desejei. Contrariei. Descobri. Caí…
As minhas mãos tremiam e sem força tentei erguer-me. Não consegui. Chorei, gritei, sufoquei de pavor. Senti-me sozinha e impotente. Mas não é assim que nos sentidos quando sabemos que erramos?
Seguimos caminhos movediços, guiados pela emoção, pelo momento, para sentirmos o dito Carpe diem. Mas magoa e faz crescer.
Errar. Cair. Esmurrar as mãos que amparam a queda e estremecem ao descolar do chão. Quebrar regras, saltar muros e barreiras para atingir o nosso objectivo. Caí. Caí muitas vezes. Mas quando o medo desaparece ficamos mais fortes.
Sentimos uma força divina que nos ilumina. É ela que nos faz sentir que já não estamos sozinhos. Sabermos que temos alguém que nos ajuda a sacudir as mãos fartas de pedrinhas.
Agora já não tenho medo de cair.
"Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada."
(José Régio, Cântico Negro)

2 comentários:

Anónimo disse...

muito bom... ;)

bjinhuu

Fátima disse...

dói, custa, mas a verdade é que temos de continuar, nada nem ninguém nos pode levar completamente ao colo. um beijinho mt grande =)*